Priscilla
Ela me liga no meio da noite chamando para um programa com o Mets, e aceito num piscar de olhos. Vem me pegar de carona mas não passamos na casa de mais ninguém. Em vez disso dirigimos em silêncio, faróis apagados, sem outro carro ou pessoa nas ruas, só nós, e depois de quase uma hora ela diz algo. “É lindo, não? Pessoas são o recurso principal na construção de cidades, mas é tão mais bonito sem elas”, fala quase para si mesma, sem tirar os olhos da estrada. “Dirigir a esta hora é como caminhar num museu vazio. Nada de artistas, guardas, visitantes; o único ruído sendo seus próprios passos. Você pode apreciar o trabalho da humanidade sem o fardo da própria humanidade.” Não respondo, mas consinto. Coloco a cabeça para fora da janela e sinto a brisa. Os postes de iluminação indo e vindo num padrão estrito; os prédios, lares, com pessoas dentro, agora somente um elemento daquele quadro. Ela põe uma fita para tocar, Bohren, meu favorito, e percebo al...