THE LOST TAPES Vol.16
[PT/ENG]
“Corpo amarelinho, cheio de manchinha... Eita! Olha esses pêlos, essas orelhas felpudas! Quatro patas, um rabo, mas que bicho é esse? Deixa dar um cheiro...” E ela deu um cheiro no netinho no seu colo, que gargalhava e roncava com a brincadeira da vó, vestido numa fantasia de onça. “Júnior? É você!?”
***
O tempo passou e a casinha da esquina permaneceu a mesma, mas mal-mal se deu a primavera e já cresceu toda uma cerca de arbustos em volta, mais verdes que a esperança — e de seus galhos brotaram, às centenas, florzinhas amarelas como o sol a brilhar sobre elas.
***
— Ei, menino, vem cá — chamou a menininha, seis anos muito, a um garoto da mesma idade.
Ele vem atender, caminhãozinho na mão, cheio de areia: — Que foi?
— Quer brincar? — Ela pergunta e ele tira um segundo pra pensar. Olha o caminhão de plástico, a caixa de areia, de volta para a menina no balanço. Acontece que eles brincavam juntos desde que cheguei, mas um desentendimento fez ela ir chorar, emburrada, para longe enquanto o menino não dava a mínima, cavando um buraco com suas pazinhas. Assim que foi pedido em brincadeira, veio a refletir sobre o passado. Pesou na balança os problemas de garota e a diversão da companhia, perguntou se valia a pena a possibilidade de viver outro drama infantil só para ter um par de mãos a mais nas obras da caixa de areia. Quando o olhar chegou nela, no entanto, permaneceu. Estava cabisbaixa e com uma tromba de elefante, claramente arrependida do conflito de mais cedo, e ele reconheceu a coisa certa a se fazer. Estendeu seu caminhão para ela, cujo rosto se iluminou imediatamente, e disse,
— Vem.
E os dois correram para a ir cavar um buraco até o outro lado do mundo.
***
When they take the bench, remove the tree
Whatever happens to the eternal signs we carved?
***
And as I turn the corner,
— [...]Because you can never care for anyone but yourself...
— I’m sorry. I’m so sorry...
Balding, middle-aged couple having a breakdown at a burger joint.
***
I write and write and write, sat at the same bench, crossing the same legs, and from the distance comes a crazy blond-lady, jogging in laps around the park, using me as a finish line. So I write a paragraph, “32”. Write another, “33”. “Don’t want to write this shitty story anymore”, “34”.
She’s soaked in sweat but not stopping, and goes around and around and around, and the sandal slippers clap and clap and clap, and I hear the counting going up, also never stopping, every time she comes to peep at my notebook. “44”, “52”, 55”. And she looks around while jogging, pointing at people, giving thumbs up, throwing kisses, even if these people are nothing but thin air, a smudge in her brain, the effects of the meds. “62”, “63”, “65”. She looks so tired, her body like the body of any other middle-aged woman after a couple of kids; but maybe not because of kids, since those laps don’t seem to be helping.
She steals my water bottle at lap 70, throws it away when the bubbles hit her tongue. Never stopping she goes, I wonder for how much longer. The bus will arrive in 15.
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