THE LOST TAPES Vol.1

   Inventei uma nova modalidade de dança: o viver. Sou Deus. Sou eu quem faz a realidade de mim, tudo o que há em volta é feito de eu e estou farto de mim, tanto que quero me deixar de lado e dizer para ela o que ela é (para mim), como ela é (para mim) e o que significa sua existência (para mim).

   Ela não é, ou foi, não, ela não é a primeira musa a me agraciar a poesia com suas formas metafísicas de amor e de beleza, mas com certeza foi a última. Não que não enxergue mais a beleza das musas, mas porque desde que ela apareceu (e se foi) ninguém pôde se comparar, com seus atos, à pessoa que ela deixou em minha memória. É realmente uma moça especial que brilha como o sol, e cheira como as margaridas que planto no quintal de casa: um arbusto que fica lindíssimo na primavera.

   [...]Ela a quem presenciei momentos bobos, alegres e também tristes e extremamente enfadonhos. Ela com quem sonho regularmente e enxergo nas damas mais formosas dos romances, e até hoje me faz suspirar feliz saber de sua existência. Seu nome é Bruna, e para um qualquer ela é justamente o que o nome parece: uma morena paulista lindíssima, lembrando borboletas coloridas e a luz do sol de fim de tarde na varanda envolta por uma rede; um dia lindo nos meus dias, um dia de memórias queridas: quem me faz gostar do sol por ser o sol, por estar o sol no seu sorriso brilhante, pela inveja e admiração que o astro tem por ela. Ela não é maior que o sol, mas é maior que Sirius no meu céu. Uma segunda lua que ilumina meu sorriso noturno. Magnífica, esplêndida, fascinante: o meu maior desejo, com seu espírito do tamanho da vida, da minha vida, sua importância maior que a minha. Poderia matar, poderia morrer ou viver por esta minha deusa, mas não o faço. Nunca matei por ela, nunca morri por ela, e não mais posso viver por ela.

   E agora começa a parte cinza.

   Teria matado por sua vida, mas não por seu amor.
   Mataria para vê-la mais uma vez, mas não pelo seu beijo, nem por suas carícias, ou pela conversa que, sabíamos os dois, tinha segundas intenções.

   Mataria para sentir novamente seu cheiro tão bom, sentir sua pele tão macia, ou tocar novamente suas madeixas tão sedosas e falsamente loiras.

   Vale o homicídio em seu nome, mas mais ainda a abdicação da própria vida.

   Morreria por ela como morreram tantos outros, ou como morrerei por um descuido como todos os outros descuidos que continuo cometendo vez ou outra. A morte virá, mas pode vir mais cedo em nome do amor, ou de seus belos olhos de súcubo que não são tão pretos assim, mas se enegrecem tão lindamente sob a luz artificial.
   Se me pedisse, morreria, tal como viveria se me dissesse para continuar aqui.

   Agora viver, viver por ela, eu vivi por ela alguns meses antes e depois de partir. Nossa troca de mensagens me mantinha esperançoso do futuro, jogava gravetos no pequeno fogo dentro de mim, mantinha a chama acesa por mais que fosse o mesmo que o fósforo riscado. Muito de minha labareda morreu quando me deu o último abraço apertado e chorei por não conseguir me conter. Queria dançar naquele momento, mas meu corpo não quis se mover e tudo o que pude fazer foi chorar o prelúdio de lágrimas da minha perdição. A culpa não foi dela, nem minha, ou talvez fosse minha e dessa maldição que afasta todos para longe de mim. Mas não sou eu a causa desta maldição? Não sou eu quem afasta as pessoas? Talvez minha vida seja um castigo divino, talvez o destino esteja marcado como uma ladeira na minha parte.

*** 

   Read love letters
   Literally die

***

   Escrevo sem assunto
   E em busca de assunto

***

   Havia um pássaro morto no caminho. Parei, olhei, continuei andando.

***

   Fantasizing about internet people. But how down bad am I? 

***

   Ninety-degree hot sun
   Kids play dodgeball
   Throw, dodge, throw, dodge, throw, hit
   Blood on the court
   The child hit their head in the fall
   The teacher runs to the rescue
   The child is unconscious
   The child didn’t even want to play
   Now the child is going to the hospital
   And someone is getting sued

 

***

   Want a lollipop, sweetie?
   With pleasure, old man.
   Being a grown up is so nice.

***

   Old man
   Full bus
   Proud of the ability to stand his ground

***

   Looking up to the building
   The bald-head lady finds my eyes
   The curtains are now closed

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